Publicado em 23 set 2025

As uveítes não infecciosas podem causar cegueiras

Redação

A uveíte é definida como a inflamação da úvea, camada vascular média dos olhos que pode ser dividida em anterior (íris), intermediária (corpo ciliar e vítreo) e posterior (vítreo, retina, coroide e esclera). As uveítes com acometimento de mais de uma porção uveal são chamadas de pan-uveítes, apresentando geralmente acometimento bilateral.

As uveítes não infecciosas são uma causa significativa de cegueira e baixa visão em todo o mundo. Elas se referem à inflamação da úvea, que pode afetar diferentes partes do olho, como a íris, corpo ciliar e retina.

A condição pode ser classificada em uveítes anteriores, intermediárias, posteriores e pan-uveítes, dependendo da localização da inflamação. A prevalência de uveítes não infecciosas é notável, com estudos indicando que cerca de 35% dos pacientes podem relatar baixa visão ou cegueira como resultado dessa condição.

A cegueira associada a uveítes não infecciosas pode ocorrer devido a várias complicações, incluindo a formação de cicatrizes na retina, edema macular, e outras alterações oculares que comprometem a acuidade visual. O tratamento geralmente envolve o uso de glicocorticoides e imunossupressores, dependendo da gravidade e da resposta ao tratamento inicial.

As uveítes não infecciosas podem ser causadas por doenças autoimunes, inflamatórias ou idiopáticas. Elas podem levar a complicações como catarata, glaucoma e descolamento de retina, que aumentam o risco de cegueira. O manejo pode incluir glicocorticoides, imunossupressores e, em casos mais graves, terapias biológicas como o adalimumabe e a identificação precoce e o tratamento adequado são cruciais para prevenir a progressão da doença e a perda de visão.

O MS-PCDT: Uveítes não Infecciosas de 2025 informa que a doença ocular inflamatória é causa importante de cegueira (acuidade visual com melhor correção menor que 20/400 ou 0,05) e de baixa visão (acuidade visual com melhor correção entre 20/70 ou 0,3 e 20/200 ou 0,1) no mundo todo. A incidência anual de uveíte varia de acordo com o país, situando-se entre 17 e 52 casos por 100 mil habitantes, com uma prevalência de 38 a 714 casos por 100 mil habitantes.

Um estudo de 2016 demonstrou prevalência de uveíte não infecciosa de 121 casos por 100 mil habitantes em adultos e 29 casos a cada 100 mil habitantes em crianças em população dos Estados Unidos da América. As uveítes são responsáveis por cerca de 10% dos casos de deficiência visual no ocidente, e aproximadamente 35% dos pacientes relatam baixa visão ou cegueira.

Seu aspecto é bastante variável, podendo abranger desde inflamação ocular primária até uveíte associada à doença inflamatória sistêmica. As uveítes podem ser divididas entre uveítes infecciosas, nas quais o patógeno responsável é identificado e o paciente é submetido ao tratamento antimicrobiano específico, e uveítes não infecciosa.

As doenças sistêmicas têm um acometimento ocular variável. A doença de Behçet, por exemplo, cursa com uveíte difusa e vasculite retiniana em cerca de 70% dos casos, sendo a uveíte um dos critérios maiores para o diagnóstico clínico dessa doença e podendo ser a manifestação inicial, muitas vezes precedendo os demais sintomas por vários anos.

Da mesma forma, a sarcoidose manifesta-se como uveíte em 20% a 50% dos pacientes, e a esclerose múltipla apresenta-se com neurite óptica em até 50% dos casos, vasculite retiniana em 10% a 39% e uveíte isolada em 1% a 16% dos casos. Doenças que cursam com presença do anticorpo anticitoplasma de neutrófilos (ANCA), como a granulomatose de Wegener e a poliarterite nodosa, desenvolvem uveíte em 10% a 20% dos casos; além disso, a primeira pode causar manifestações oculares em até 90% destes.

As doenças do tecido conjuntivo, entre elas a lúpus eritematoso sistêmico (LES), cursam com vasculite em 10% a 30% dos casos. Em menor escala, pacientes com doença inflamatória intestinal e artrite psoríaca apresentam uveíte em torno de 10% dos casos.

Já a síndrome de Sjögren em casos raros pode evoluir com uveíte posterior. A doença de Vogt-Koyanagi-Harada é uma síndrome úveo-meníngea multissistêmica caracterizada por resposta autoimune dirigida aos antígenos melanocíticos dos olhos, da pele, do sistema nervoso central e do sistema auditivo. A manifestação ocular é a uveíte difusa bilateral com edema de disco óptico, descolamento seroso da retina neurossensorial, defeito na impermeabilidade do epitélio pigmentar da retina, com discreta ou nenhuma vitreíte.

Artigo atualizado em 16/09/2025 04:20.
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