A doença hereditária chamada mucopolissacaridose
Redação
A mucopolissacaridose é uma doença lisossômica de caráter progressivo e herança autossômica recessiva, causada pela atividade deficiente da alfa-L-iduronidase (IDUA), enzima codificada pelo gene IDUA, localizado no cromossomo 4p16.31.

A mucopolissacaridose (MPS) é um grupo de doenças genéticas raras, caracterizadas pela deficiência de enzimas necessárias para a degradação de glicosaminoglicanos (GAG), resultando em seu acúmulo em diversos tecidos do corpo. Existem diferentes tipos de mucopolissacaridoses, cada uma com suas características específicas.
A mucopolissacaridose Tipo I (MPS I) representa as síndromes: Hurler, Hurler-Scheie, Scheie, tendo como causa a deficiência da enzima alfa-L-iduronidase. Os sintomas incluem o atraso no desenvolvimento, características faciais típicas, problemas cardíacos e articulares.
A mucopolissacaridose Tipo II (MPS II) é a síndrome Hunter e sua causa é a deficiência da enzima iduronato-2-sulfatase. Os sintomas incluem o comportamento agressivo, deficiência intelectual progressiva e problemas articulares.
A mucopolissacaridose Tipo III (MPS III), mais conhecida como a síndrome Sanfilippo tem como causa as deficiências em várias enzimas que degradam heparan sulfato. Os sintomas são o atraso no desenvolvimento, problemas comportamentais e perda de habilidades adquiridas.
A mucopolissacaridose Tipo IV (MPS IV) ou síndromes Morquio A e B tem como causa as deficiências nas enzimas N-acetilgalactosamina-6-sulfatase (tipo A) e beta-galactosidase (tipo B). Os sintomas envolvem as anormalidades esqueléticas, baixa estatura e problemas respiratórios.
A mucopolissacaridose Tipo VI (MPS VI) ou síndrome Maroteaux-Lamy tem como causa a deficiência da enzima N-acetilgalactosamina-4-sulfatase. Os sintomas são a baixa estatura, anormalidades esqueléticas e problemas respiratórios. A mucopolissacaridose Tipo VII (MPS VII) ou síndrome: Sly tem como causa: a deficiência da enzima beta-glucuronidase.
Os sintomas são as anormalidades esqueléticas, problemas respiratórios e comprometimento neurológico. Em todas essas doenças o diagnóstico é geralmente confirmado por testes bioquímicos e genéticos.
O tratamento pode incluir terapia de reposição enzimática, que visa substituir a enzima ausente ou deficiente, e cuidados de suporte para gerenciar os sintomas. As mucopolissacaridoses são doenças progressivas e podem levar a complicações significativas se não tratadas. O manejo adequado e o diagnóstico precoce são essenciais para melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Conforme o MS-PCDT: Mucopolissacaridose do Tipo I, os pacientes podem apresentar comprometimento multissistêmico, em particular nos sistemas respiratório, nervoso, musculoesquelético, gastrointestinal (fígado e baço) e cardiovascular, entre outros. A MPS I está associada a três formas clássicas, que diferem entre si pela presença de comprometimento neurológico, pela idade de apresentação do quadro clínico, pela velocidade de progressão da doença e pela gravidade do acometimento dos órgãos.
A forma grave (síndrome de Hurler), em geral, os pacientes são diagnosticados até os 2 anos de idade, apresentam atraso de desenvolvimento cognitivo aparente entre os 14 e 24 meses e estatura geralmente inferior a 110 cm. A história clínica é dominada por problemas respiratórios, pois a maioria das crianças apresenta história de infecção de vias aéreas, otite média recorrente e rinorreia.
É o fenótipo mais grave da MPS I, envolvendo ainda características faciais, hepatoesplenomegalia, valvulopatia cardíaca, opacificação de córnea, hidrocefalia, hérnias abdominais, melanocitose e manifestações musculoesqueléticas, como rigidez, contraturas e disostose múltipla. A cifose toracolombar, chamada de giba, costuma ser uma das primeiras alterações musculoesqueléticas, surgindo em média com 1 ano de idade.
O óbito ocorre geralmente durante a primeira década de vida, por insuficiência cardíaca ou respiratória. Na forma intermediária ou moderada (síndrome de Hurler-Scheie), os pacientes costumam apresentar evidência clínica da doença entre os 3 e 8 anos de idade. A baixa estatura final é relevante, podendo não ter déficit intelectual e sendo comum a sobrevivência até a idade adulta.
Na forma atenuada (síndrome de Scheie), o início dos sintomas entre os 5 e 15 anos de idade e progressão lenta. O curso clínico é dominado por problemas ortopédicos e a altura final é normal ou quase normal, assim como o tempo de vida. A doença cardíaca pode reduzir a sobrevida desses pacientes.
Essa classificação é bastante utilizada, embora existam pacientes com apresentações clínicas mistas, ou seja, em que há sobreposição das manifestações das diferentes formas. Atualmente, cada fenótipo é considerado como parte de um espectro contínuo de uma mesma doença. Dados mundiais sugerem que o fenótipo mais grave é o mais comum.