Publicado em 05 ago 2025

A terapia recomendada para a puberdade precoce central

Redação

Considera-se precoce o aparecimento de caracteres sexuais secundários antes dos 8 anos em meninas e antes dos 9 anos em meninos. Em 80% dos casos, a precocidade sexual é dependente de gonadotrofinas (também chamada de puberdade precoce central ou verdadeira). 

A terapia para a puberdade precoce central é realizada principalmente com o uso de agonistas de GnRH (hormônio liberador de gonadotrofinas). Esses medicamentos têm como objetivo bloquear a evolução puberal, promovendo a regressão dos caracteres sexuais secundários, diminuindo a velocidade de crescimento e a progressão da idade óssea. Eles atuam suprimindo a secreção de gonadotrofinas hipofisárias, evitando assim a produção de esteroides sexuais.

Os principais fármacos utilizados incluem o acetato de leuprorrelina, disponível em várias dosagens, incluindo 3,75 mg, 11,25 mg e 45 mg, administrado por via intramuscular ou subcutânea; o embonato de triptorrelina, disponível em dosagens como 3,75 mg, 11,25 mg e 22,5 mg, também administrado por via intramuscular ou subcutânea; e o acetato de gosserrelina, disponível em implantes subcutâneos. O tratamento é geralmente mantido até que a criança atinja a idade cronológica normal para o desenvolvimento puberal, considerando fatores como idade óssea e estatural.

A interrupção do tratamento é sugerida quando a idade óssea se aproxima de 12,5 anos nas meninas e 13,5 anos nos meninos. Além disso, a monitorização do tratamento deve ser feita a cada 3 a 6 meses, avaliando a eficácia e possíveis efeitos adversos. A dosagem de LH (hormônio luteinizante) deve ser mantida em níveis pré-puberais durante o tratamento.

O MS-PCDT: Puberdade Precoce Central de 2025 afirma que a puberdade é o processo de maturação biológica que, pelas modificações hormonais, culmina no aparecimento de caracteres sexuais secundários, na aceleração da velocidade de crescimento e, por fim, na aquisição de capacidade reprodutiva da vida adulta. É resultado do aumento da secreção do hormônio liberador das gonadotrofinas (GnRH), o qual estimula a secreção dos hormônios luteinizante (LH) e folículo-estimulante (FSH), que por sua vez estimularão a secreção dos esteroides sexuais e promoverão a gametogênese.

Considera-se precoce o aparecimento de caracteres sexuais secundários antes dos 8 anos em meninas e antes dos 9 anos em meninos. Em 80% dos casos, a precocidade sexual é dependente de gonadotrofinas (também chamada de puberdade precoce central ou verdadeira). A puberdade precoce dependente de gonadotrofinas é em tudo semelhante à puberdade normal, com ativação precoce do eixo hipotálamo-hipófise-gônadas.

Assim, a manifestação inicial em meninas é o surgimento do botão mamário e em meninos o aumento do volume testicular maior ou igual a 4 mL (estágios de Tanner 2 para ambos os sexos). A evolução puberal segue os critérios de Tanner e caracteriza-se como puberdade completa em estágio de Tanner.

A secreção prematura dos hormônios sexuais leva à aceleração do crescimento e à fusão precoce das epífises ósseas, o que antecipa o final do crescimento e pode comprometer a estatura final [previsão de altura final abaixo do percentil 2,5; previsão de altura final abaixo da estatura-alvo (± 8 cm); desvio-padrão (dp) da altura para a idade óssea abaixo de -2; perda de potencial de altura durante o seguimento].

Porém, mesmo com início prematuro, em algumas crianças, a puberdade é de lenta evolução e não compromete a altura final. Por isso, a avaliação da progressão por 3 a 6 meses pode auxiliar na definição de necessidade ou não de tratamento nos casos de estágio iniciais de puberdade, especialmente em meninas entre 6 a 8 anos.

Considerada uma condição rara, a puberdade precoce é de 10 a 23 vezes mais frequente em meninas do que em meninos. A incidência verificada em um estudo populacional na Dinamarca é de 20/23 casos para cada 10.000 meninas e de menos de 5 casos para cada 10.000 meninos.

É frequentemente associada a alterações neurológicas, como tumores do sistema nervoso central (SNC), hamartomas hipotalâmicos, hidrocefalia, doenças inflamatórias ou infecções do SNC. Em meninas, a maior parte dos casos é idiopática. Em meninos, 2/3 dos casos estão associados a anormalidades neurológicas e, destes, 50% dos casos estão relacionados a tumores.

Seu diagnóstico é baseado no exame físico, exames laboratoriais e de imagem. Em um número menor de casos, a precocidade sexual decorre de produção de esteroides sexuais não dependente de gonadotrofinas. Nessa situação, também há o aparecimento de características sexuais secundárias e aceleração de crescimento/idade óssea, mas tais manifestações não caracterizam a puberdade precoce verdadeira, podendo ser decorrentes de tumores ou cistos ovarianos, tumores testiculares, hiperplasia adrenal congênita, tumores adrenais, Síndrome de McCune Albright, hipotireoidismo grave, entre outras doenças.

O desenvolvimento isolado das mamas (telarca precoce) ou dos pelos pubianos (pubarca precoce) também é uma forma de precocidade sexual que não caracteriza puberdade. Tem sido relatado que entre 21% e 64% das meninas que começam a desenvolver um broto mamário antes dos 8 anos apresentam telarca isolada e não evoluem para puberdade precoce central.

Todavia, em 18% a 20% dos casos, o aparecimento de mamas ou de pelos pode ser o primeiro sinal de puberdade precoce verdadeira. Deve-se acompanhar a evolução desses quadros. A maioria dos casos com suspeita de puberdade precoce é uma variedade precoce ou transitória do desenvolvimento puberal e não requerem tratamento.

Em caso de suspeita clínica, o diagnóstico oportuno da puberdade precoce central requer a interpretação conjunta da evolução clínica e parâmetros bioquímicos, bem como a avaliação das possíveis consequências e da resposta esperada ao tratamento para cada caso particular. A identificação de fatores de risco e da doença em seu estágio inicial e o encaminhamento ágil e adequado para o atendimento especializado dão à atenção primária um caráter essencial para um melhor resultado terapêutico e prognóstico dos casos.

Artigo atualizado em 06/08/2025 10:44.

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