Publicado em 16 dez 2025

Os sintomas silenciosos da hipertensão arterial

Redação

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma doença crônica de causa multifatorial, caracterizada por níveis elevados e sustentados de pressão arterial, geralmente não associada a sintomas. Contudo, frequentemente, é associada às alterações funcionais ou estruturais de órgãos-alvo (coração, encéfalo, rins e vasos sanguíneos) e a alterações metabólicas, com aumento do risco de eventos cardiovasculares fatais e não fatais.

A hipertensão arterial, frequentemente chamada de assassina silenciosa, pode não apresentar sintomas evidentes, o que dificulta seu diagnóstico precoce. No entanto, alguns sintomas podem ser considerados silenciosos ou sutis, e incluem as dores de cabeça frequentes que podem ocorrer, especialmente em casos de hipertensão severa. Tontura ou sensação de vertigem ou desequilíbrio pode ser um sinal de pressão arterial elevada.

As palpitações são as sensações de batimentos cardíacos acelerados ou irregulares e a fadiga ou cansaço excessivo sem razão aparente. A visão turva são as alterações na visão que podem ser um indicativo de problemas relacionados à pressão arterial

A sonolência diurna pode ocorrer em casos de apneia obstrutiva do sono, que está associada à hipertensão. Os sintomas de apneia do sono são os roncos e sonolência durante o dia que podem ser sinais de hipertensão secundária.

Além disso, a hipertensão arterial secundária pode apresentar sintomas como fraqueza muscular, cãibras, arritmias, edema pulmonar, e outros sintomas relacionados a condições subjacentes, como feocromocitoma ou doenças da tireoide. É importante realizar medições regulares da pressão arterial, especialmente em indivíduos com fatores de risco, para detectar a hipertensão antes que complicações graves ocorram.

Conforme o MS-PCDT: Hipertensão Arterial Sistêmica, além de ser causa direta de cardiopatia e nefropatia hipertensivas, a HAS é fator de risco linear e contínuo para doenças decorrentes de aterosclerose e trombose, que se manifestam, predominantemente, por doença isquêmica cardíaca, cerebrovascular, vascular periférica e renal, assim como de morte prematura. Em decorrência de cardiopatia hipertensiva e isquêmica, é também fator etiológico de insuficiência cardíaca e fibrilação atrial.

Além disso, quando iniciada em fases precoces da vida, a HAS é um fator de risco para o desenvolvimento de Alzheimer e demência vascular. Dessa forma, a HAS é uma das causas relacionadas à maior redução da expectativa de vida e da qualidade de vida dos indivíduos.

Estima-se que o tratamento e o acompanhamento (hospitalizações, procedimentos ambulatoriais e medicamentos) de adultos com HAS representaram um custo de, aproximadamente, R$ 2 bilhões em 2018 para o SUS. Além da carga financeira, a HAS é um grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo.

De acordo com estimativas, entre 1990 e 2019, 1,28 bilhão de pessoas entre 30 anos e 79 anos em todo o mundo apresentavam hipertensão, representando 33% da população nessa faixa etária. No Brasil, segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019, 23,9% de indivíduos com 18 anos ou mais de idade relataram diagnóstico para HAS, o que equivale a 38,1 milhões de pessoas.

A HAS também é maior entre mulheres (26,4%) do que em homens (21,1%), e aumenta com a idade, tendo sido referida por 56,6% entre as pessoas de 65 anos a 74 anos, e 62,1% entre as pessoas com 75 anos ou mais de idade. Em 2021, foram notificados 39.966 óbitos atribuíveis à HAS no Brasil.

Os fatores de risco específicos para HAS incluem características genética, idade (quanto maior a idade, maior o risco), sexo masculino, etnia (preta), sobrepeso ou obesidade, hiperglicemia, ingestão elevada de sódio e reduzida de potássio, consumo elevado de bebidas alcoólicas, tabagismo, inatividade física e a apneia obstrutiva do sono. Determinantes sociais como a urbanização, baixa renda familiar anual, baixa escolaridade, residir em bairros desfavorecidos, em área com escassez de profissionais de saúde e as condições de moradia estão envolvidos no desenvolvimento da HAS e doenças cardiovasculares (DCV).

Além disso, alguns medicamentos e drogas ilícitas têm potencial de elevar a PA ou dificultar seu controle, tais como os inibidores da monoaminaoxidase, simpaticomiméticos, como descongestionantes nasais (fenilefrina), antidepressivos tricíclicos (imipramina e outros), hormônios tireoidianos, contraceptivos orais, anti-inflamatórios não esteroides, carbexonolona e liquorice, glicocorticoides, ciclosporina, eritropoietina, drogas ilícitas (cocaína, Cannabis sativa, anfetamina e 3,4-metilenodioximetanfetamina - MDMA, entre outras. A atenção primária à saúde é essencial na prevenção, na identificação dos fatores de risco, no rastreamento e no diagnóstico da doença em seu estágio inicial.

Além disso, é responsável pelo controle adequado e pelo acompanhamento integral e longitudinal dos pacientes e, quando necessário, por realizar o encaminhamento adequado e em tempo oportuno atendimento especializado, objetivando um melhor resultado terapêutico e prognóstico dos casos. O protocolo médico visa a estabelecer os critérios de rastreamento, diagnósticos, terapêuticos e de acompanhamento dos indivíduos com HAS no âmbito do SUS.

Portanto, seu público-alvo inclui indivíduos com suspeita ou diagnóstico da HAS, assim como seus responsáveis, em caso de menores de idade, profissionais da saúde envolvidos no cuidado integral desses indivíduos no âmbito da APS e da atenção especializada à saúde, bem como gestores, com vistas a subsidiar as decisões clínicas e otimizar a qualidade do cuidado ofertado a esses pacientes.

Artigo atualizado em 09/12/2025 10:04.
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