Conheça a condição metabólica da dislipidemia
Redação
A dislipidemia é um fator de risco cardiovascular relevante, pelo desenvolvimento da aterosclerose. Na aterogênese, o papel do colesterol total, particularmente o contido nas partículas de lipoproteínas de baja densidade, o LDL-C, foi constatado em uma série de estudos observacionais e experimentais das últimas décadas, passando por estudos pré-clínicos, patológicos, clínicos e genéticos, em diferentes populações. Os trabalhos iniciais relacionaram o colesterol total com doença arterial coronariana (DAC).

A dislipidemia é uma condição metabólica caracterizada por alterações nos níveis de lipídios no sangue, incluindo colesterol e triglicerídeos. Essa condição é um fator de risco significativo para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, como a aterosclerose, que pode levar a eventos como infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral.
O diagnóstico de dislipidemia é realizado através da dosagem dos lipídios séricos, que inclui colesterol total, HDL-C (lipoproteína de alta densidade) e triglicerídeos. A fórmula de Friedewald pode ser utilizada para calcular o LDL-C (lipoproteína de baixa densidade) quando os triglicerídeos estão abaixo de 400 mg/dL.
O tratamento da dislipidemia envolve tanto intervenções não farmacológicas quanto farmacológicas. As medidas não medicamentosas incluem a terapia nutricional, com a redução do consumo de gorduras saturadas e colesterol, os exercícios físicos ou atividades regulares para melhorar o perfil lipídico, a cessação do tabagismo que é importante para melhorar os níveis de HDL-C.
O tratamento medicamentoso pode ser eito com estatinas, como a atorvastatina e sinvastatina que são frequentemente utilizadas para reduzir o LDL-C e o risco cardiovascular. Os fibratos, como o fenofibrato e genfibrozila, são utilizados especialmente em casos de hipertrigliceridemia. O ácido nicotínico pode ser utilizado para aumentar os níveis de HDL-C.
A dislipidemia é uma condição comum, com prevalências variando de 43% a 60% na população brasileira. O manejo adequado é crucial para prevenir complicações cardiovasculares e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
De acordo com o MS-PCDT: Dislipidemia, os níveis de LDL-C apresentam correlação direta com o risco de ocorrência de eventos cardiovasculares. Pode-se dizer que não existe um valor normal de LDL-C, mas níveis desejáveis acima dos quais intervenções já demonstram benefícios.
Atualmente, os níveis de LDL- C maiores de 100 mg/dL parecem estar relacionados com maior risco do desenvolvimento de eventos ateroscleróticos; níveis menores de 100 mg/dL são considerados alvo terapêutico para a maioria dos indivíduos com risco cardiovascular elevado, não significando que tais níveis os isentem desse risco. Sendo as doenças cardiovasculares ateroscleróticas de etiologia multifatorial, a presença de outros fatores de risco (por exemplo, hipertensão arterial sistêmica, tabagismo, obesidade, diabete melito, história familiar etc.) é considerada tão importante quanto os níveis de colesterol total ou de LDL-C, de maneira que, de acordo com a agregação desses fatores de risco, níveis diferentes de LDL-C são desejados como meta para tratamento, não havendo firme consenso sobre qual o valor de LDL para início ou alvo de tratamento.
A situação clínica de particular aumento de risco é a hipercolesterolemia familiar, que resulta em grande elevação dos níveis de colesterol e aumento de doença cardíaca isquêmica prematura. Outra situação clínica, não cardiovascular, associada à dislipidemia, particularmente à hipertrigliceridemia, é a pancreatite aguda.
Os níveis de triglicerídeos maiores do que 500 mg/dL podem precipitar ataques de pancreatite aguda, embora a patogênese da inflamação não seja clara. Um estudo estimou que hipertrigliceridemia foi a etiologia da pancreatite aguda entre 1,3% a 3,8% dos casos de pancreatite.
Estudos observacionais de base populacional conduzidos no Brasil revelam prevalências de dislipidemia de 43% a 60%. Logo, dada sua elevada frequência na população geral, o diagnóstico e tratamento adequados da dislipidemia são majoritariamente de responsabilidade da atenção pimária.
Assim, a identificação da dislipidemia em seu estágio inicial e o encaminhamento ágil e adequado para o atendimento especializado dão à atenção primária um caráter essencial para um melhor resultado terapêutico e prognóstico dos casos.