A prevenção e o controle das doenças respiratórias crônicas
Redação
O controle das doenças respiratórias crônicas, como a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e a asma, envolve uma abordagem multidisciplinar que inclui diagnóstico precoce, tratamento adequado e monitoramento contínuo.

A DPOC é caracterizada por uma limitação crônica ao fluxo de ar, que não é totalmente reversível, e está frequentemente associada ao tabagismo e à exposição a poluentes. O manejo eficaz dessas condições é crucial para melhorar a qualidade de vida dos pacientes e reduzir a morbidade e mortalidade associadas.
Para um controle eficaz, é essencial a realização de espirometria para diagnóstico e acompanhamento, além de intervenções que visem a cessação do tabagismo e a redução da exposição a fatores de risco. O tratamento pode incluir broncodilatadores, corticosteroides e, em casos mais graves, oxigenoterapia e reabilitação pulmonar.
Para o controle das doenças respiratórias crônicas, deve-se realizar a espirometria em pacientes com mais de 40 anos que apresentem sintomas respiratórios, especialmente fumantes ou ex-fumantes. Utilizar broncodilatadores de longa ação e corticosteroides inalatórios conforme a gravidade da doença. A combinação de medicamentos pode ser necessária em casos mais severos.
Informar os pacientes sobre a importância da adesão ao tratamento, reconhecimento de sintomas de exacerbação e a necessidade de evitar fatores desencadeantes. Deve-se avaliar regularmente a função pulmonar e a eficácia do tratamento, ajustando as terapias conforme necessário.
Implementar programas de reabilitação para melhorar a capacidade funcional e a qualidade de vida dos pacientes. Incentivar a vacinação contra a gripe e pneumonia, especialmente em pacientes com DPOC e asma.
Deve-se envolver uma equipe de saúde que inclua médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e nutricionistas para um manejo abrangente. Segundo o MS-PCDT: Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) caracteriza-se pela limitação crônica ao fluxo de ar, não totalmente reversível, associada a uma resposta inflamatória anormal à inalação de partículas ou gases nocivos. Do ponto de vista da fisiopatologia, a obstrução crônica ao fluxo de ar na DPOC ocorre devido a uma associação de inflamação nas pequenas vias aéreas (bronquiolite respiratória) e destruição parenquimatosa (enfisema).
A contribuição relativa de cada fator varia de pessoa para pessoa. Os sintomas têm início insidioso, são persistentes, pioram com exercício, e tendem a aumentar em frequência e intensidade ao longo do tempo, com episódios de agravamento que duram geralmente alguns dias (exacerbações).
A bronquite crônica, definida como tosse produtiva por ao menos três meses ao ano por dois anos consecutivos, em pacientes nas quais outras causas de tosse com expectoração foram excluídas, muitas vezes antecede em anos o desenvolvimento de obstrução ao fluxo de ar. Nas fases mais avançadas a DPOC leva a significativo prejuízo na qualidade de vida, devido às exacerbações mais frequentes e graves, bem como à incapacidade funcional associada à insuficiência respiratória crônica.
Além de fadiga e intolerância a atividades físicas, pacientes com DPOC grave podem também apresentar perda de peso, redução da massa muscular e mesmo caquexia, atribuídas a quadro inflamatório sistêmico. Nos países industrializados, 5%-10% da população adulta sofrem de DPOC.
No Brasil, estudo de base populacional com avaliação espirométrica de indivíduos com mais de 40 anos mostrou prevalência total de distúrbio ventilatório obstrutivo de 15,8% na região metropolitana de São Paulo, sendo 18% entre os homens e 14% entre as mulheres, quando medido pela razão volume expiratório forçado em um segundo/capacidade vital forçada (VEF/CVF). A maioria dos casos não tinha diagnóstico prévio.
Em revisão sistemática, encontrou-se prevalência nacional de DPOC agregada de 17% quando diagnosticada por avaliação espirométrica. A maior prevalência de DPOC foi identificada na região centro-oeste (25%), seguida pela região sudeste (23%); sendo menor na região sul (12%).
O estudo não identificou relatos de prevalência de DPOC nas regiões norte e nordeste do país que atendessem aos critérios de elegibilidade pré-estabelecidos. Em análise de sensibilidade, encontrou-se maior prevalência de DPOC entre homens (16%), comparado às mulheres (13%), semelhante aos dados encontrados para a região metropolitana de São Paulo.
No Brasil, de acordo com dados da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) pela metodologia Global Burden of Disease (GBD) – Brasil, a DPOC é a quinta causa de morte entre todas as idades, depois de doença isquêmica do coração, doença cerebrovascular, infecção de vias aéreas inferiores e Alzheimer e outras demências. Ademais, segundo o GBD foi a oitava causa de anos de vida perdidos no país em 2016.
Nas últimas décadas, foi a quinta maior causa de internação no Sistema Único de Saúde entre pacientes com mais de 40 anos, correspondendo a cerca de 200.000 hospitalizações e gasto anual aproximado de 72 milhões de reais. Com vistas à identificação precoce, está indicada espirometria com teste pré e pós-broncodilatador (BD) para pacientes fumantes ou ex-fumantes, com mais de 40 anos, que apresentem sintomas respiratórios crônicos.